O Relevante na Negociação de Genebra

Considerando a premissa básica de relações internacionais de que o tempo diplomático difere do tempo cronológico, há somente resultados positivos a apurar, no horizonte temporal dos próximos 5 a 10 anos no que tange ao desenvolvimento das correntes de comércio de bens e serviços. Para o Brasil em especial é o tempo necessário a concretização da integração da infra-estrutura da América do Sul possibilitando à nossa circunstancia geográfica o compatível espaço no concerto das Nações do século XIX.
É de conhecimento público, nos círculos que acompanham a dinâmica das relações internacionais, que para os países membros da U E, Canadá, EUA e Japão, existe o primordial interesse em ampliar, via a eliminação de barreiras, de todas as instanciais, a livre oferta de serviços em todos as regiões, enquanto que países continentais – Rússia, China, Brasil e Índia, dadas as suas características próprias e perfis populacionais,, resistem a este objetivo.
Nesta perspectiva, a questão de negociação cotas agrícolas e das demais salvaguardas são secundárias, em questão de volume de receitas que podem gerar vis-a-vis aos resultados da ampliação dos mercados de serviços. Naturalmente há os interesses políticos, os jogos de poder e as bases eleitorais advindas do conjunto das atividades inerentes aos diferentes agentes econômicos e em desproporcional peso político dos complexos agropastoris, que, todavia tendem a ser normatizados e regulados entre as Nações e Regiões em consonância com as necessidades da demanda. A questão do etanol e somente parte singela, deste conjunto de temas, que tem relação direta com a produção e conseqüentemente dos azares da natureza, que tendem a se agravar se as previsões dos cientistas que correlacionam o tamanho das manchas solares com o clima da Terra. Nesta lógica estaríamos iniciando um novo ciclo de resfriamento, que tem diretas implicações sobre a produção agrícola, maiores inclusive que as cíclicas provocadas pelo fenômeno do El Nicho no Oceano Pacifico.
Historicamente, o resfriamento da Terra tem conseqüências na produção e no ordenamento político. A título de exemplo a causa básica da revolução francesa foi um período de invernos europeus muito longos com as decorrentes reduções das colheitas e dos rebanhos. Em contrapartida a revolução industrial e a expansão dos mercados coincidem com o período de reversão deste quadro climático, a partir de meados do século XIX – período auge na integração dos continentes com livre tráfico de produtos, populações e recursos. Tendo por base esta lógica de relações: clima – economia – expansão e concentração de mercados e circulação de populações e recursos é que os processos decisórios dos governos tendem a antecipar, num previsível espaço temporal, ações e resultados que reverterão no dia a dia dos cidadãos de seus Estados. Foi exatamente nesta lógica que os agentes da negociação que se encerrou nesta semana em Genebra, atuaram.
Esta em processo, um novo ordenamento de Poder mundial. Vislumbra-se a construção de mecanismos e regras que facilitem o incremento das correntes de comércio intra-regiões, limitando o escoamento, somente dos excedentes para as demais regiões geográficas. Em termos de geração de produção esta é a lógica que se contrapõe a busca desmesurada da liberdade de operação dos detentores do setor de serviços. É este o embate que é a razão de ser da OMC.