Radicalização da Democracia
Historicamente, o termo Radicalismo foi introduzido pelo deputado Charles James Fox, na Câmara dos Comuns Britânica no ano de 1797 em pleno período da Revolução Francesa. Exigia-se, naquele momento, uma reforma radical, nas palavras dele, o sufrágio universal. Então, no Reino Unido o sufrágio era limitado somente aos grandes proprietários. Os Radicais Ingleses integravam a ala esquerdista do Partido Whig ou Liberal e inspiravam-se na obra de John Stuart Millque defendia que a validade das ações medi.
O Radicalismo propriamente dito é uma variante do Liberalismo que prega o reformismo de choque e a revolução social. Foi uma força política importante da esquerda Européia no século XIX. É, contudo, anticlerical e antinacionalista e prega a tomada do poder pela Revolução, uma república sem classes e não o modelo da revolução russa. É ainda opositor do liberalismo que prega reformas por vias constitucionais, ao conservadorismo a as tradições, mas não atua como o mercado e não assume medidas econômicas como o marxismo.
Do ponto de vista do seu conceito , o radicalismo tem suas raízes nos finais do século XVIII e inícios século XIX durante a Revolução Francesa, com o surgimento das propostas de que o comportamento jacobinista de determinados grupos deveria ter como objetivo combater pela raiz as anomalias sociais por meio da implantação de reformas absolutas. Podemos também examinar o Radicalismo no seu sentido filosófico o qual, pode ser definido como uma” política doutrinária reformista que prega o uso das ações extremas para gerar a transformação completa e imediata das organizações sociais”.
Á época da monarquia brasileira, por exemplo, eram radicais os republicanos que desejavam a sua queda e com ela mudanças como os fins dos privilégios da Igreja Católica, educação primária para todos, sufrágio universal. Pelos seus pressupostos identificavam-se com o Partido Radical Francês.
Modernamente, seus simpatizantes, foram atraídos para Partidos Sociais democratas e socialistas identificando-se com o centro. No Século XIX os partidos radicais eram muito atuantes, além da França, na Itália e na Espanha e esforçavam-se por medidas sociais igualitárias. Contudo, alguns dessas idéias foram absorvidos pelo surgir do marxismo.
Chamados por alguns de neomarxistas, algumas falhas podem ser apontadas na chamada radicalização. Refiro-me, basicamente ao esquecimento de que os nossos antepassados e as sociedades onde viveram obedeceram a uma ordem espontânea e surgida pela virtude dos seus usos e costumes, e utilizando-se da auto-organizaçao dos seus elementos. Todos nós, seres humanos, não podemos dispor de meios ilimitados para reorganizar e esquematizar a vida dos indivíduos. A esta face de radicalismo vale lembrar e reafirmar a necessidade de uma certa lealdade às normas, tradições e instituições que, esses mesmos seres humanos, foram, pouco a pouco, como num processo de decantação, incorporando ao longo do processo histórico.
As evidências de civilização são, na verdade, algo da tradição e memória do passado e atuam como fatores e agentes que nos diferenciam do mundo animal.
Destruir os restos e vestígios deixados pelo passado como acontecido em Luanda e Maputo, logo após a independência, significou uma triste referência de destruição de um passado, que positivamente, ou não, incorporara-se à sua História e tinha cabal e efetivamente ocorrido.Numa prova de imaturidade e precipitação política, decapitaram-se estátuas e carros de combate soviéticos foram aos pedestais.
Infelizmente, ninguém se preocupou com o registro dos seus legados. Apenas copiou-se o modelo de modificação implantado sem nenhuma reflexão sobre a valorização de si próprios enquanto povo e nação ou sobre aquilo que implantavam Ao contrário, mudaram-se os nomes de avenidas, ruas, escolas, hospitais e outros, para nomes como “Karl Marx”, Ho Chi Minh, e outros.
Radicalizar não é copiar. Onde a sua valorização e identidade como povo?