Arte-educação: Educar por Inteiro
Este artigo é uma reflexão sobre a importância da introdução da arte nas escolas brasileiras em todos os níveis. Falo de um ensino significativo onde se associem a motivação professor-aluno e as técnicas empregadas caminhem junto à teoria. Isto quer dizer não só o estímulo ao desenho, por exemplo, mas a exploração da criatividade do jovem e da criança. Naturalmente, tudo passa, em primeiro lugar pela formação do professor voltado para o binômio arte-educação e pelo apoio que ele receba da escola.
Assim como não existe uma só forma de contar uma história, assim também há várias maneiras de infiltração da arte na escola tornando o aluno mais sensível ao belo e refinando a própria aprendizagem. Decerto, há que se definir o perfil adequado do professor em artes e ajudá-lo, seja este um dos objetivos da escola, a multiplicar caminhos no desenvolvimento de trabalhos de Arte-Educação. Escola e professores juntos podem repensar estratégias que levem a multiplicação de saberes e vivências ampliando as práticas desenvolvidas e refletindo em conjunto sobre as avaliações obtidas. Se ao professor deve caber o saber arte para ensiná-la bem, a escola deve caber o dar todas as oportunidades para ajudar a qualificar o professor e melhorar o ensino. Uma forma pode ser o promover uma interação curricular globalizada permitindo que o uso adequado de métodos e técnicas seja permeado pela arte refletindo-se, na prática docente, em benefício do enriquecimento de todos. [1]
O estudo da arte-Educação permite a sua ligação com história, geografia, literatura, ciências naturais e facilita o raciocínio matemático. É Hannertz [2] quem nos fala da existência de uma cultura mundial onde todas as estruturas de conhecimento e de expressão diversamente distribuídas interrelacionam-se de algum modo em alguma parte. O mundo cosmopolita, o ser cosmopolita tem um papel especial no encontro de certo grau de coerência, portanto.
A arte pode ser vista, ainda, como um meio facilitador de socialização no ambiente escolar, levando o interesse pela escola extra-muros, promovendo trocas culturais e sociais em momentos de interação família-escola propiciando alegria. Ela promove o engajamento cultural, incentivo ao saber por meio do canto, cines-clube, exposições, balé e dança, festivais, teatro, grupos de dramatização e estudos de iniciação a pintura e a aprendizagem do como ver e interpretar obras artísticas. Pelo exposto, temos aí um agente facilitador duplo: a socialização na escola e a ação como interlocutor privilegiado entre escola e sociedade, atuando, na prática, como uma ponte e como atração extra-escolar.
Não desconhecemos as dificuldades relativas às mudanças sociais, hoje, nem os problemas e apelos do consumo cultural não positivo. As inovações e modismos como tatuagens e piercings não podem passar despercebidas ao educador , sobremaneira ao educador em artes a quem cabe encaminhar as discussões e problematizar esses novos tipos de ação e temática. Em alguns campos faz-se possível contrapor, como no campo da música, valores novos aos eternos como o da música erudita demonstrando a dinâmica das mudanças. Uma das maneiras pode ser o reforçar o conhecimento sobre os conjuntos vocais, os tipos de conjuntos instrumentais e os grandes conjuntos: orquestras e bandas.Aprender a identificar os vários tipos de banda e os diversos tipos de orquestra sua constituição, colocação no palco, diferenças conceituais, nomes e divisão dos instrumentos. Além disso, conhecer o potencial da voz humana, o canto coral a importância do aparelho fonador.
Outro exemplo de interesse prático , relaciona-se a aprendizagem do como ver o belo e comunicá-lo [3] nas visitas a museus e galerias de arte . Conhecimento que parte desde o saber como olhar uma obra de arte, atentando para as suas particularidades formais, como cor, textura, dimensões assim como, para o sentido da sua construção. Arte é treino. É também exercício de vida que cria em torno de si um número infinito de relações. A Arte-Educação é o instrumento para nos educar por inteiro.
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[1] | Sobre o tema leia também Maria de Fátima Silva in ARTE E FORMAÇÃO DO PROFESSOR, Revista Estação no. 4 – Universidade de Londrina, dezembro-2005 |
[2] | Cf. Cosmopolitas e locais na cultura global in CULTURA GLOBAL:RACIONALISMO,GLOBALIZAÇÃO EMODERNIDADE. Petrópolis: Vozes, 1994. |
[3] | Eugenia Désirée Frota- Palestra : SOBRE O VALOR DA ARTE –Sociedade Cearense de Cidadania/PUC/SP. 2004 |