Arte e Digigrafia
A técnica da Digigrafia serve para desmistificar conceitos pré-estabelecidos sobre as obras de arte.
Como todos sabem um acervo de arte e as obras por si mesmas são muito caras. Assim, essa técnica que podemos considera relativamente nova, simplifica e facilita o acesso à obra de arte. De fato, ela parte de um desenho, tal como um desenho sobre o papel usando-se tinta nanquim. Após ser digitalizado, scaneado por assim dizer, ele é manipulado por meio de um programa para embelezamento e tratamento de imagens, aquele mesmo que permite ainda, as interferências ousadas em arte quando o autor se apropria da obra do artista original . Refiro-me a programas como o Photoshop, por exemplo. Após essa cuidadosa manipulação parte-se para a impressão numa impressora de excelência em qualidade.
Esse processo de impressão em nada compromete o valor da obra de produção artística, pelo contrário, ele busca atender vem às reais necessidades de um mercado que todos os artistas se esforçam para que esteja em permanente expansão. Entra-se dessa forma o mundo mercadológico… Isto não invalida os meios tradicionais aqueles que “ficaram demasiadamente caros para os artistas, de modo que, litografias, gravuras em metal ou xilografias, tornaram-se raras, sobretudo em SP”. (1). Portanto, não há como negar a praticidade desse meio de produção de uma autentica obra de arte, tornando-a acessível, democratizando a arte, por assim dizer A digigrafia tornou-se o meio mais fácil de uma “difusão em larga escala” (2) pelo próprio poder de sua reprodução, podendo-se chegar aproximadamente a 200-300 unidades de reprodução. O importante para salvaguardar essa forma de reprodução artística é a assinatura de cada uma delas pelo seu autor. Não haverá dúvidas, portanto sobre a seriedade da reprodução.Alguns revendedores preferem colocar a sua marca atrás da obra ,mas o mais aconselhável ainda é a assinatura do artista…
O livre acesso aos trabalhos e produções de arte é sobremaneira destinado a um público que jamais reuniria as condições de adquirir uma litografia ou metal. Não se pode negar que alguns artistas ainda resistem a essa forma de propagação da arte por considerá-la, impessoal, visto que a forma digital permite a interferência de terceiros na forma de reprodução e popularização dos seus trabalhos. A mim ,pessoalmente, me parece uma outra forma adequada de adesão aos novos meios de comunicação desde que a ética profissional seja preservada.. Parece-me que a não adesão pode significar abrir-se mão de uma oportunidade única resultando,na prática, na redução na maior parte das vezes, da produção de gravuras. Podemos ilustrar com o caso de São Paulo onde o maior atelier de gravuras ,” talvez o maior do país, deixou de fazer parcerias com os artistas. Até os anos 90, o atelier produzia litografias e metal, dividindo a edição com os artistas. Todos os grandes nomes da gravura brasileira passaram por lá , chama-se GLATT & YMAGOS. Mas essa prática ficou inviável de uns 5 anos para cá.” (3). Isto foi uma conseqüência da falta de preparo e de conhecimento do assunto porque os próprios compradores , que às vezes não conhecem o que compram tornasse o preço de uma gravura “ injustificável diante de uma reprodução mecânica.” . Em se ratando de leigos e mesmo para os que reconhecem que a arte como qualquer outro ramo de saber e produzir está sujeita ao evoluir das práticas, técnicas e conceitos. A opção por um preço mais baixo nem sempre significa a escolha pela baixa qualidade como o resultado do produto é a gravura, não se pode desconhecer que ela sempre foi uma técnica das mais requintadas e nobres, exigindo dos seus autores grande perícia e meticulosidade durante todo o processo de sua confecção… Como ela não ´parte de uma escolha aleatória podemos perceber que ela advém da sensibilidade de uma idéia; da elaboração da imagem pelo artista, até chegar à parte da finalização e da impressão mesma.. Não Seria uma simplificação grosseira dizer-seque qualquer um pode imprimir uma gravura . Ela é confeccionada, diria feita pelos chamados “artistas impressores”. No conceito de Andriole os manipuladores das prensas, são operários da imagem, que desvendam diante do olhar do artista aquilo que estava latente em seu peito. Dessa forma mágica, a obra acontece a quatro, e algumas vezes a várias outras mãos!(5) Muitos são os artistas que se renderam às gravuras como o cearense Aldemir Martins, Guilherme de Faria, e o próprio Burle Marx entra tantos outros nomes. Essa relação delicada e intrínseca entre o artista plástico e o impressor por ser tão estreita já foi levada a Bienais ,nos inícios dos anos oitenta, religando as figuras de artista e impressor. Historicamente, a questão da reprodução em larga escala. Já foi debatida nos anos 30 pela própria p filosofia pondo em campos opostos Adorno e o originalíssimo Walter Benjamim que cunhou uma frase perfeita: ”no social quanto mais, menos¨”( ) Adorno revelou-se um sério opositor da idéia da reprodução da obra de arte considerando que um original, apesar de suas etapas longas e altos custos, mas tem um maior valor pelo resguardo de sua unicidade..
Alguns artistas importantes da contemporaneidade, como Mário Andriole vem utilizando em seus ateliês essas inovações. No caso de Andriole, a criação de imagens é feita por meio de uma técnica chamada “linóleo”, um tipo de carimbo, que recebe a tinta depois transferida para o papel por um ato de pressão.
Notas:
(1)- Mario Andriole, artista e filósofo contemporâneo de larga nomeada e escreve artigos de maior utilidade para os artistas jovens sobre temas como artigo digigrafia..
(2) Ele explica que A Digigrafia Arte e Sobrevivência partiu de um desenho feito em nanquim sobre papel que foi digitalizado através de um scanner, depois manipulado no “Photoshop 5.0” e por fim impresso através de uma impressora de grande porte – jato de tinta -sobre papel de alta gramatura.
(3)- Yvone Dias Avelino. Palestra: História e Filosofia.