O Punhal de Spinoza

O Punhal de Spinoza

O Punhal de Spinoza – Marcos Antonio Frota. Scortecci Editora, 2013.

O centro deste romance é o filósofo Baruch de Spinoza (o homem e sua filosofia). Secundariamente, a arte (pintura e literatura) e também a política e a justiça.

Spinoza (1632-1677) viveu na Holanda, na chamada Idade de Ouro. Seu vigoroso pensamento tem varado os séculos e exercido grande influência na civilização contemporânea. De suas coisas, há notícias de um punhal de cabo de prata, que desapareceu de sua escrivaninha, logo após sua morte.

Com base nestas realidades – o pensamento e o punhal do filósofo – o romance se constrói, seguindo caminhos traçados com a ajuda dessas coisas, em histórias ambientadas:

– Na Holanda do século XVII:

A cidade de Amsterdã autorizara a livre entrada dos judeus, consolidando o corredor de migração construído por esse povo, pressionado pela inquisição.

A Holanda e os próprios judeus viviam conflitos políticos e religiosos. Spinoza participou deles, fazendo o papel de embaixador junto às forças de ocupação da Holanda, e contestando crenças religiosas, sendo, por isso, excomungado pela comunidade judaica.

Por ocasião da morte de Spinoza, seu punhal, de origem ignorada, foi roubado.

– Na Itália do século XX, década de 60:

Em algum instante, o punhal saltou da Holanda para Sicília. Onde:

a) a investigação que foi feita sobre sua origem dá conta de que ele pertencera ao Príncipe de Condé (comandante-em-chefe do exército francês) ou ao próprio rei Luis XIV.

b) foi usado para matar um mafioso, a mando de seu irmão, que queria ficar com a viúva e com o império criminoso. Esse fratricídio é guardado a sete chaves.

A trama inclui o drama familiar do autor material do crime, proprietário do punhal. E os tormentos da viúva, que se casa com o mandante do crime, irmão de seu finado marido.

– No Brasil, no século XXI:

O uso do punhal, pelos mafiosos, repercutiu cá no Brasil, ferindo acerbamente um professor e seu genro, que resolvem se vingar, pois os tribunais de justiça tinham sido mais do que lenientes.

Então, sabendo que seu malfeitor cultua o mundo das celebridades, ao qual ansiava pertencer, preparam uma armadilha: um livro denunciando o crime do mafioso que mandou matar o próprio irmão.

Como previsto, o inimigo que buscava a fama rouba o livro e manda matar seu autor (o professor), e publica a obra como se fosse de sua autoria. Ignorando que a história contada tinha fundo real, denunciava um fratricídio.

Mas o genro do professor, que adquirira uma pequena fortuna em uma aventura rocambolesca, re-edita o livro em italiano, e o espalha por livrarias de Milão, reativando a armadilha criada por seu sogro.

Dessa forma, a máfia toma conhecimento da denúncia feita contra seu líder, e despacha para o Brasil um de seus membros para castigar o pseudo-autor do livro, consumando, assim, a vingança pretendida pelo professor e seu genro.

Eugenia Désirée Frota

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